Enquanto as cabeças captavam, olhos curiosos nos retiam (é engraçado filmar na rua!). Muitos paravam:
-Vai passar no fantástico?
E nós sempre interagindo.
Foi quando filmávamos uma bela casa verde, cortada por uns galhos secos de uma árvore entrando no outono. Uma senhora nos chamou através de uma porta.
- Vocês são da arquitetura?
Papo vai, papo vem, surge o convite e entramos na casa de Maria. Quadros e mais quadros preenchiam três salas. Ficamos fascinados pelo número grande de telas e esculturas que figuravam nos ambientes. Enquanto a artista procurava demoradamente umas reportagens para nos mostrar quem ela realmente era no cenário mundial das artes, dois membros da nossa equipe (que eu prefiro não dizer quem era) estavam em outro ambiente consertando um sofá antigo que havia ficado no caminho de uma perna humana. Fiquei entre o sofá e a Maria: não sabia se contava, se ajudava o conserto, se tentava segurar ela, se puxava um assunto sobre a chuva que estava por vir ou se chutava o balde e arrancava de vez todos os pés do sofá. Maria volta pra sala e nos entrega uma fotocópia de uma página sobre a vida dela.
Maria é Maria Di Gesu, artista plástica que iniciou seus trabalhos durante a Segunda Guerra Mundial. Autoditada, veio ao Brasil em 1947 e estudou com grandes gênios, tal como Iberê Camargo, Xico Stockinger, Danúbio Gonçalves, Vasco Prado e Benito Castañeda. Bota no Google que tem mais.
No final, sofá consertado e Maria sentada para uma linda foto. Fizemos uma amiga. Aliás, cada vez mais temos descoberto pessoas incríveis nessa jornada em busca de histórias desconhecidas. O Boca tem feito a diferença na vida deles e também na nossa vida.
Tem feito a diferença nas nossas vidas.
E o Calvin - que foi "confundido" de Haroldo pelo nosso Diretor de Foto - abriu os olhos dois segundos depois.
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