quinta-feira, 27 de junho de 2013

trilhas

"Caiu do céu" seria um grande clichê para designar a escolha das trilhas sonoras do doc. Mas essa expressão serviria muito bem, tendo em vista que as canções têm uma sintonia muito próxima do filme, mesmo que elas não tenham sido feitas exclusivamente para ele.

Uma das músicas vem da Austrália, de um artista de rua que faz o seu som com a boca, utilizando pedais de looping e efeitos. Dub Fx é um cara intenso. Não conheço ele, lógico, mas só pelos vídeos é possível entender que o projeto do cara é sensacional - tanto musical quanto ideologicamente.  Foi assim que chegamos em 'Flow' a canção base do documentário.


Dub é um artista completamente independente utilizando apenas a internet, a rua e o boca a boca para divulgar o seu trabalho. Mais ou menos como o Boca de Rua. Uma frase do wikipedia detalha um pouco do australiano: "suas letras falam de eventos mundiais e da angústia contemporânea, sugerindo uma revolução baseada no indivíduo, na auto-determinação e no engajamento. Também aborda questões de importância social".

Na mesma intensidade (e dessa vez muito próximo de casa) o som que encontrei vem do ator, compositor e amigo Marcelo Naz. Também utilizando a internet como plataforma de divulgação, Naz é um cara completo: sua música sensibiliza porque é direta e verdadeira. Foi o último contato que fizemos e ele entrou para a equipe nos dando um presente muito importante, a música Confuse.



Com diversos trabalhos artísticos preenchendo o currículo, Naz - que no mundo musical é conhecido como Nazaré Vox - tem uma sonoridade muito própria e uma densidade muito específica, que "caiu do céu" para o Boca de Rua.

O Desenho de Som do documentário é da Gogó Conteúdo Sonoro.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Acorda


Quando as manifestações tomaram o país na última segunda-feira, dia 17 de junho, me perguntei como o jornal Boca de Rua iria cobrir os protestos aqui em Porto Alegre. Ao buscar respostas para essa pergunta acabei notando que os manifestos dos moradores de rua que integram o Boca começaram lá em 2001, quando saiu a primeira edição do jornal, com o título "Vozes de uma Gente Invisível".

Os jovens, adultos, senhores que estão saindo na rua hoje em busca de um novo país estavam invisíveis até o momento. Estavam hibernando ou tentando acreditar numa reviravolta política. Deixarem de se esconder e perceberam que podem mudar o país. E eu também, sem dúvida!

O Boca vem tentando mudar pensamentos a passos lentos e graduais, mas com toda a certeza tem um peso muito grande nessa transformação intelectual e social que o país vem buscando. Dentro do Boca eu aprendi que vale a pena falar, dar a cara pra bater, assumir os ideais e não desistir de uma vida mais digna.

É isso que todos anseiam. Não se quer a invisibilidade nunca. As pessoas precisam ser vistas, sejam maioria ou minoria. Precisam atuar como cidadãos, mas antes precisam ser encaradas como tais. E se os governantes e demais autoridades deste país não se deram conta disso até então, é preciso ir às ruas  reivindicar. Cada vez mais.

Foi dentro de uma reunião do Boca que ouvi a frase mais impactante, que para mim, resume bem toda e qualquer manifestação que está surgindo no Brasil: "enquanto você dormia, muita coisa acontecia".    


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Capa

A capa de um jornal é primeiro contato dos repórteres com a sociedade. Muitas vezes, uma palavra pode revelar toda a linha editorial de um periódico.